Três instituições financeiras de médio porte - Silicon Valley Bank (SVB),Silvergate Bank e Signature Bank - colapsaram após perderem a confiança de seus depositantes e ficarem insolventes no final de março - isso é, não poderem liquidar os fundos dos clientes que desejarem efetuar saques ou transferências.
Mesmo com as medidas de socorro anunciadas pelo Federal Reserve (Fed), as falências causaram um grande tumulto no mercado financeiro internacional, e o setor de tecnologia foi especialmente atingido.
O Silvergate e o Signatures, por exemplo, estavam entre os principais provedores de serviços bancários para empresas de criptomoedas nos Estados Unidos. Segundo a Chainalysis, plataforma líder global em pesquisa e análise de blockchain, é importante destacar que, apesar do duro golpe, dificilmente o ecossistema cripto voltará aos padrões da última década em termos de conseguir parceiros bancários.
O SVB, por sua vez, era um dos principais provedores de contas bancárias e de capital de risco para startups tech do Brasil. De acordo com um levantamento da Bloomberg Linea, mais de US$ 10 milhões de empresas brasileiras estavam sob custódia do banco. O SVB também fornecia serviços bancários à Circle, emissora da stablecoin USDC.
A empresa tinha aproximadamente US$ 3,3 bilhões presos no banco - equivalendo a cerca de 8% das reservas que apoiam a stablecoin. Logo depois da Circle anunciar seu grau de exposição ao SVB, o USDC perdeu a paridade, sendo avaliado abaixo de US$ 1 durante todo o fim de semana seguinte ao colapso.
Isso desencadeou uma liquidação sistêmica de várias posições em todo o ecossistema cripto. Um levantamento divulgado pela Chainalysis indicou que o volume de criptomoedas que saíram de serviços centralizados (CEXes) disparou após o início da crise, atingindo o pico de US$1.2 bilhão no dia 11 de março. “Esse aumento é algo comum durante tempos de turbulência no mercado e indica o temor dos usuários de perder o acesso a seus fundos”, explica Brianna Kernan.
A Chainalysis deverá divulgar nas próximas semanas um novo exame deste quadro com base nos OTC (Over-the-Counter), que executam algumas das maiores transações em criptomoedas, para melhor compreender como o fechamentos dos bancos afetou a dinâmica do mercado.