CBDC

Como o Drex, nova moeda digital, pode impactar a economia do Brasil?

Especialistas analisam importância do novo modelo de pagamento e recepção da CBDC no país

16 AGO 2023 • POR Ana Beatriz Rodrigues • 16h15
Foto: Reprodução (Orlando Santana / Unsplash)

O Banco Central (BC) do Brasil anunciou na semana passada o nome do Real Digital. Descrito como um nome forte e moderno pelo próprio BC, o Drex é o projeto do Brasil para sua própria moeda digital de banco central (em inglês, Central Bank Digital Currency – CBDC). 

 

A moeda promete um ambiente seguro no país com os benefícios das novas tecnologias. O Drex traz inovação, mas ainda há muitas dúvidas sobre como esse processo funcionará, o que é uma CBDC e de que forma a moeda impactará a economia brasileira. 

 

O que é CBDC?

 

A CBDC é a forma digital da moeda de um país, criada e controlada pelo Banco Central da região. Elas são uma espécie de versão virtual para o dinheiro fiduciário emitido pelos países e por isso segue o valor dele, além de ficar sujeita à inflação. Essas moedas podem modernizar sistemas de pagamento, com transações mais rápidas e seguras. 

 

A maior diferença entre as criptomoedas presentes no mercado e as CBDCs é que as moedas digitais são controladas com instituições definidas por um governo. O especialista em Economia Exponencial na SingularityU Brazil, Eduardo Ibrahim, afirma que a implementação dos CBDCs tem o objetivo de melhorar a dinâmica econômica do país por meio da tecnologia. 

 

“A utilização de ‘tokens digitais’ tem o potencial de diminuir a dependência de intermediários nas transações financeiras, fortalecer a confiança e gerar mais segurança entre os agentes econômicos, aumentar a transparência, otimizar processos e, dessa forma, estimular o crescimento econômico de maneira significativa”, completou Ibrahim.

 

Segundo o Central Bank Digital Currency Tracker, do Atlantic Council, 130 países estão explorando uma CBDC. Dentro do G20, 19 países estão em estágio avançado de desenvolvimento da CBDC, desses, nove já estão em fase piloto. No caso da China, o piloto atingiu mais de 260 milhões de pessoas com o Yuan Digital, que começou a ser elaborado em 2014.

 

Drex: CBDC do Brasil 

 

O Brasil é um dos países que está trabalhando nesse processo. O projeto-piloto do Drex foi iniciado em março de 2023 e está atualmente em fase de testes. Para o especialista em criptoativos e sócio do Jantalia Advogado, Carlos Akira Sato, “a versão digital do Real, com tecnologia blockchain, garante que a nossa moeda corrente acompanhe a evolução do mercado e possa interagir (interoperabilidade) de maneira eficiente com o mercado.” O Drex não será volátil, ou seja, um Drex sempre custará R$ 1.

 

Segundo o Banco Central do Brasil (BC), a criação do Drex favorece a “democratização financeira” com a redução de custos de transações financeiras tradicionais. Os planos da moeda digital do Brasil surgiram em maio de 2021 com a divulgação das Diretrizes do Real Digital e no segundo semestre do mesmo ano o Banco também realizou webinários para discussões sobre as aplicações do Drex.

 

Os testes são simulações de compra e venda de títulos públicos e são 16 instituições que participam dessa fase. Alguns participantes são: Itaú, Nubank, Bradesco, Santander e Banco Inter. Sato explica que o projeto está sendo testado em ambiente fechado, para que as “as práticas sejam avaliadas e, se aprovadas, sejam colocadas em prática”. 

 

Para Ibrahim, ainda é necessário adaptar as regulamentações e construir as infraestruturas para garantir um ambiente seguro e eficaz para o Drex no Brasil. Mas Ibrahim destaca que o que Drex se integra à visão da Web3. 

 

Essa abordagem permite que a moeda seja mais do que apenas um meio de troca, ela se transforma em uma unidade de programação capaz de executar funções automáticas e transparentes”, o especialista em Economia Exponencial na SingularityU Brazil ainda comenta. 

 

Impacto do Drex 

 

O Drex pode ser transformador para a economia brasileira. Ibrahim destaca que a CBDC “representa uma evolução significativa na forma como realizamos transações financeiras e interagimos com economia e finanças.” Além disso, a possibilidade de realizar pagamentos e transferências de uma maneira mais simples, o Drex ainda permitirá acesso a serviços financeiros mais avançados. 

 

O especialista em Economia Exponencial na SingularityU Brazil diz que isso pode aumentar a participação mais ativa das pessoas no sistema econômico, por operações com carteiras digitais. 

 

“Além disso, a tokenização pode contribuir para o aumento da diversificação do portfólio com novos ativos e, consequentemente, para o crescimento econômico em diversas áreas.”, complementou Ibrahim. 

 

Mesmo com todos os benefícios, o Drex ainda pode enfrentar certa resistência. Por isso, o especialista em economia afirma que é preciso fornecer informações claras sobre o funcionamento da CBDC e os benefícios da moeda.” Isso pode ser feito por meio de campanhas de conscientização que expliquem os benefícios, funcionalidades e segurança do Drex”, completou.

 

Sato relembra o caso do Pix e como o pagamento também sofreu relutância no começo. Mas para ele, “o DREX, assim como o PIX, facilitará a vida de pessoas e empresas que não haverá preocupações sobre a tecnologia que está por trás.”