O mercado de criptomoedas tem se consolidado como uma classe de ativos relevante para investidores que querem ir além dos ativos tradicionais. Segundo o 2025 Global State of Crypto Report, quase 24% dos investidores em Estados Unidos, Reino Unido, França e Singapura já declaram possuir criptomoedas, percentual que cresceu em todas as regiões no último ano. Esse movimento reflete não apenas o aumento de preços — com o Bitcoin superando recentemente a faixa de US$ 60.000 — mas também a busca por diversificação e proteção contra inflação em um cenário de juros em alta e incertezas econômicas.
Dentro desse contexto, surge o ETF FBTC como uma porta de entrada regulada ao Bitcoin para investidores que preferem negociar em ambiente de bolsa tradicional. Listado na NYSE desde janeiro de 2024, o FBTC replica o preço à vista do Bitcoin por meio do Fidelity Bitcoin Reference Rate, oferecendo custódia institucional pela Fidelity Digital Assets e negociação intraday em dólar, sem a necessidade de lidar diretamente com carteiras digitais. Com US$ 5,3 bilhões sob gestão e taxa de 0,25% ao ano (isenta nos primeiros seis meses), o FBTC combina a simplicidade e segurança de um ETF com a volatilidade e o potencial de valorização do ativo digital.
O que é o FBTC?
O FBTC ou Fidelity Wise Origin Bitcoin Fund foi aprovado pela SEC e lançado em 10 de janeiro de 2024 como um spot Bitcoin ETF. Sob patrocínio da FD Funds Management LLC, seu objetivo é replicar o desempenho do Bitcoin em dólar americano, evitando a complexidade de comprar e guardar a criptomoeda diretamente. Ele segue o Fidelity Bitcoin Reference Rate — uma média ponderada de preços em plataformas confiáveis — e atualiza seu NAV diariamente às 16h (ET) nos dias úteis.
O produto é aberto a investidores individuais e consultores financeiros através da plataforma da Fidelity, oferecendo uma alternativa regulada aos trusts como o GBTC, que por vezes operam com prêmios ou descontos elevados. O FBTC tem expense ratio de 0,25% ao ano, com isenção dessa tarifa nos primeiros seis meses, tornando-se competitivo diante de outros ETFs cripto do mercado.
Destinado a quem busca diversificação e proteção contra a inflação monetária, o FBTC coloca o Bitcoin no portfólio de forma simples, permitindo negociação intraday em dólar, integração a contas de aposentadoria (IRA) e uso em estratégias de asset allocation globais.
Como funciona o FBTC?
O FBTC adota uma estrutura de fundo de índice típico, mas focado em um único ativo: o Bitcoin. Ele utiliza custódia institucional pela Fidelity Digital Assets para guardar os criptoativos em ambientes offline (cold storage), mitigando riscos de hacks.
A precificação segue o Fidelity Bitcoin Reference Rate, calculado por meio de transações em exchanges de alto volume e validado por oráculos de preço, garantindo transparência e confiabilidade no NAV diário.
Na criação e resgate de cotas, Authorized Participants (geralmente grandes bancos e corretoras) entregam ou recebem Bitcoin em troca de blocos de 50.000 cotas, ajustando o supply do mercado e mantendo o tracking error próximo de zero.
O FBTC negocia entre 9h30 e 16h (ET) na NYSE, com volume médio diário acima de 100.000 cotas, fator que confirma liquidez suficiente para ordens de pequeno e médio porte sem grandes impactos de preço.Para custear a operação, cobra-se 0,25% ao ano, que cobre custódia, regulação, auditoria e administração, sendo competitiva frente a trusts que chegam a 1,5% de taxa de gestão.
Composição e principais características
O FBTC é 100% lastreado em Bitcoin, sem outros ativos no portfólio, o que reflete diretamente as variações da criptomoeda em dólar.
A liquidez diária em 2025 gira em torno de US$ 30 milhões, com picos em dias de alta volatilidade no mercado de cripto, demonstrando aceitação crescente entre investidores tradicionais.
Por ser negociado em dólares, o FBTC reflete também a variação cambial para investidores de outras moedas, o que pode amplificar retornos ou perdas.
Comparado ao Grayscale Bitcoin Trust (GBTC), o FBTC tende a operar mais próximo do NAV, sem grandes prêmios ou descontos, devido ao mecanismo de criação/resgate diário, característica ausente em trusts fechados.
O uso de swap agreements é mínimo; a maior parte dos Bitcoins é mantida em custódia real, reduzindo riscos de contraparte associados a instrumentos sintéticos.
Vantagens e desvantagens
Antes de decidir sobre investir no FBTC, é importante avaliar seus pontos fortes e fracos. Entre as vantagens principais, destaca-se sua sólida regulação e segurança, estando listado na NYSE e registrado na SEC, com auditorias periódicas que garantem transparência. Além disso, oferece custódia institucional de alta qualidade, com o Bitcoin armazenado pela Fidelity Digital Assets em cold storage, e apresenta baixo tracking error graças ao seu mecanismo de criação/resgate diário que alinha o preço de mercado ao NAV.
Outros benefícios significativos incluem a tributação simplificada, sendo tratado como ETF e eliminando a necessidade de reportar diretamente uma carteira de criptomoedas, além da liquidez intraday, que permite compra e venda a qualquer momento durante o pregão. Estas características tornam o FBTC uma opção atraente para investidores que buscam exposição ao Bitcoin com maior facilidade operacional.
Por outro lado, existem desvantagens que merecem atenção. A volatilidade extrema é um fator de risco relevante, já que o fundo oferece exposição direta às oscilações de preço do Bitcoin, que podem ser substanciais. Sua taxa de 0,25%, embora competitiva no universo cripto, ainda é maior do que a cobrada por ETFs tradicionais de ações ou renda fixa, o que pode impactar retornos no longo prazo.
Além disso, investidores fora dos EUA precisam considerar o risco cambial, pois sofrerão o impacto da variação do dólar em seus investimentos. Há também o potencial de iliquidez em cenários de queda abrupta do mercado cripto e a dependência de infraestrutura, onde falhas nos planos de custódia e oráculos podem causar atrasos operacionais no fundo. Estes fatores devem ser cuidadosamente avaliados de acordo com o perfil e objetivos de cada investidor.
Tributação e aspectos fiscais
O FBTC é tributado nos EUA como ETF. Para investidores não-residentes, não há isenção sobre ganho de capital, já que isso depende da legislação local.
No Brasil, o FBTC deve ser declarado na ficha de "Bens e Direitos" com código específico para ETF estrangeiro e ganhos tributados em 15% (venda comum) ou 20% (day trade) via DARF.
Perdas podem ser compensadas em até 30% dos lucros futuros, e não há "come-cotas" — todo ajuste fiscal ocorre no momento da venda da cota.
Vale a pena investir no FBTC?
Para quem já alocou parte da carteira em Bitcoin, o FBTC oferece conforto regulatório, liquidez e processos simples de custódia, ideal para investidores moderados e conservadores que desejam exposição cripto sem lidar com exchanges diretas.
Investidores mais arrojados, que buscam alavancagem ou estratégias DeFi, podem preferir comprar Bitcoin diretamente e explorar staking ou lending em plataformas especializadas, embora incorram em maior risco operacional.
Entretanto, é possível começar a investir nesse tipo de ETF mesmo sendo iniciante, graças à metodologia do Super ETF. Ela é uma estratégia que te ensina a operar com ETFs e opções por meio do Covered Call e que te gera renda extra em dólar todos os meses.